Era uma vez (PDF)




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Author: Thiago

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Contos de Rune
Era uma vez um garoto chamado Walter. Walter Gleydson Juca... Juca ou Juquinha
para os íntimos, um conterrâneo de José de Alencar, Chico Anysio e Tiririca. Sujeito bobo e já
cansado de si mesmo, numa dessas resoluções de fim de ano, decide abandonar sua velha
vidinha e esquecer o passado. Buscando preparar-se para a nova vida que o aguarda, procura
o aconselhamento de uma poderosa mãe de santo.

Imagem 1: Juca diz: hoje parece um bom dia para mudar de vida.

E assim, num terreiro ali perto, Mãe Terezinha de Obauê cobra os 300 reais da
consulta e inicia o ritual:
- Meu fio, vuncê tem que agradar o santo. Faiz um agradinho pro véio que ele te diz o que
vuncê precisa ovi.

- Já começou? Isso é coisa de Tiga ou Navarro. Eu venho aqui desesperado pra perder o bv e
ouço que preciso fazer agrado pra velho safado. Quero meu dinheiro de volta! - responde Juca.
- Minino avuado, num é essas sem vergonhice que vuncê tá traquitano não. Respeite o véio,
minino, sinão o véio num respeita vuncê. O véio gosta de marafo, de oferenda. De quitute e
cantiga, de carranquice.
- Cantiga? - retruca Juca, com dois dedos no queixo - Disso eu entendo, sou muito musical.
Quero mesmo entrar no universo dos sertanejos comedores!
- Intão faz um gradinho pro véio e canta pra ele. Se ele gostá, vuncê vai se prendá.
- É pra já, Dona Mãe. Vou mandar uma nova que escrevi pra começar essa minha nova fase
libertadora - ajeitando o recém adquirido topete alisado de Gusttavo Lima - Ela se chama... O
Buceteiro Social:

Imagem 2: Juca dá voleio na nerdice e veste de vez a persona da malandragem

♫ Eu posso ser virgem e feio

Pelo menos eu socializo

Pobre, mongo e com bafão

Mesmo parecendo um peixe bagre

Levar remelas pra dar passeio
Mas aqui dentro há um coração

Já desisti de ser ninja
Estou crescendo, podem ver

Eu me cansei de ser zoado

Mesmo que eu ainda finja

Por ser do jeito que eu sou

Ser alguém que não posso ser

Garanto, não há nada errado
Com quem tem trinta e não beijou

Por isso peço que respeitem
Minha condição de buceteiro

Vocês não têm nada com isso

Mesmo que elas não me aceitem

Ainda creio num milagre

Jamais desisto, sou brasileiro ♫

Seguiu então um silêncio sepulcral no ambiente, por alguns instantes. Mãe Terezinha,
trêmula, começou a revirar os olhos e entrou em transe. De repente, através dela respondeu
o Preto Velho:

Imagem 3: Preto Velho, indignado e cheio de molejo diz: cada caboclo tem o que merece.

♪♫♩♫♭Ser Juca é infelicidade

Traz consigo o barrigão

Pobre ser que mingua à paúra

Mais parece uma gestante

Já descobriu as luzes da cidade
Resolveu deixar sua clausura

Grávido de um monte de merda
Nas entranhas e no pensamento

Um sorriso de criança

Mente que mente e é lerda

E um olhar de decisão

Bucho que balança no movimento

Nada lhe tolhe a gabança
De quem se vê sem irrisão

Sexto Walter de uma ninhada
Mas último em tudo nessa vida

Condenado à solidão

Amigo, essa sainha da cunhada

E ao caminho do errante

Anda-te é cada vez mais comprida ♪♫♩♫♭

Imagem 4: Juca apavora-se com a resposta da Entidade.

Mais alguns instantes silenciosos iluminam a face do pasmo e boquiaberto consulente.
Cai então um raio no terreiro de Mãe Terezinha e... atinge Juca, desfazendo completamente
sua escova progressiva. Finalmente, como um golpe de misericórdia, uma voz nefasta ecoa
como se viesse do além:
- Não me misturo com esse tipo de gente...






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