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nº 1 • Recife/Pernambuco • dezembro de 2016 • distribuição gratuita
Não, obrigado!
Em tempos em que ideias radicais,
extremistas e intolerantes, adubadas
pelo medo e pelo discurso de ódio,
crescem feito mato em cabeças
baldias, nada mais importante do
que contrapor-las e derrubá-las a
tudo custo. Para nós, as ferramentas
são o lápis e o papel a favor da
liberdade, diversidade, igualdade,
colaboração, sustentabilidade social
e ambiental e do pensamento crítico.
Bem vindo à primeira publicação do
Mutirão!
Como passar incólume?
por André Valença
Há uma gravura alusiva à tumba de Napoleão
Bonaparte em Santa Helena na qual, à primeira
vista, não se vê nada além de duas árvores
dispostas paralelamente. Sob um olhar mais
atento, o apreciador da ilustração pode
distinguir, no contorno entre os troncos e a
folhagem, a silhueta do imperador francês,
perfeitamente delineado e sem preenchimento.
Uma não-matéria, que ainda sim é uma marca.
Uma ilusão de ótica.
Um jogo mental.
Um truque.
No entanto, para além disso tudo, um pacto
formado entre autor e aquele receptor que se dá
ao trabalho de observar atentamente.
Ou seja, só olha quem quer ver.
O tal observador atento será agora incapaz de
não reparar nesse pequeno e renitente espaço,
com o qual fecha um contrato, forma um vínculo.
Não mais não ver.
Aqui, o caos urbano talvez seja o tronco; e a
entropia informacional deve ser a folhagem. O
mutirão, para deixar a metáfora redondinha, é
um espaço vazio entre eles.
Tirinhas não tão no diminutivo (cerca de dois
metros de comprimento) espalhadas na cidade.
De alguns artistas, outros só arteiros mesmo.
Retratados, estão políticos alvejados, mulheres
resistentes, bikes sensuais, cidades em chama,
náufragos conceituais, salgadinhos em perigo,
bebês à venda, las ursas, hemorróidas, pamonhas
e muito mais. Próxima vez que for à rua, dá uma
procurada. Não vai conseguir não mais ver.
E pois é. É claro que o mutirão não é só um
vácuo. Acrescenta à colcha de retalhos das
intervenções urbanas e à supersaturada
produção de conteúdo. Mas também - logo hoje,
e ainda mais amanhã - como passar incólume?
PARTICIPAÇÕES DE
ALEX DANTAS
ANDRÉ VALENÇA
BIA LIMA
CELSO HARTKOPF
DAANIEL ARAUJO
FELIPE VAZ
FRED CAJÚ
GERMAN RÁ
IGOR COLARES
IGOR TABORG
ISABELA STAMPANONI
JOANA LIBERAL
JÚLIA MMS
JULIANA LAPA
LUCAS FALCÃO
LUCAS MORENO
MARCEL CALBUSCH
MÁRCIO VIEIRA
MATHEUS CALAFANGE
MATHEUS TORREÃO
MAURÍCIO NUNES
NATHALIA QUEIROZ
NECO TABOSA
RAONI ASSIS
RAUL SOUZA
RODRIGO GAFA
THIAGO DUARTE
VIVA A MALOQUEIRAGEM!
por Raul Souza
por Rodrigo Gafa
por Felipe Vaz
por Alex Dantas
por Celso Hartkopf
por Igor Colares
por Isabela Stampanoni
por André Valença
Desenhar tiras
por Matheus Torreão
por Matheus Torreão & Celso Hartkopf
por Celso Hartkopf
Desenhar tiras é um lance que quase nunca ocorre
a alguém que não esteja atolado vexatoriamente
na merda. De todas as formas de expressão já
concebidas pela mediocridade da espécie humana,
dos garranchos neandertais aos 6 ou 7 mil anos de
neurose escrita documentada, nenhuma jamais
havia sido capaz de rebaixar a tinta e o verbo à
tamanho grau de infantilização e miséria semiótica.
Em termos de potência transformadora, uma tira
se equipara a uma dissertação de mestrado; de
sutileza, a um saco escrotal. É, em suma, a oziação
da linguagem no seu mais alto grau de saturação.
Da mesma maneira, é forçoso admitir, a tira tem
emergido como um gênero textual extremamente
fecundo para captar com precisão cirúrgica os
picos de delírio, truculência e depravação
característicos dos períodos de intensa vacilagem
ética. Mais que isso: é uma escavadeira bruta que
dá a ver sem escrúpulos as molas profundas da bad
trip que nos assola. Nesse ponto é necessário que
se evitem temerárias associações do argumento
por Raul Souza
aqui desenvolvido com cacoetes pós-modernos
tipo "pós-verdade" (especialmente depois dos
pós-modernos terem gastados décadas tentando
provar que a verdade não existe). O que a tira
suscita é um estado de arrebatamento estético
ontologicamente TORTO: a saber, o "estado de
lombra". E poucos fenômenos ilustram de maneira
mais didática a natureza desse transe disfuncional
como a tira gigante.
Cá um exemplo: Borges certa vez escreveu sobre
um Império no qual os cartógrafos, de tão
obcecados com a precisão de suas representações,
desenharam um mapa do exato tamanho do
Império, que imediatamente se provou inútil e logo
foi abandonado para desfazer-se em ruínas
habitadas por animais e mendigos. Em nada
surpreenderia se os arqueólogos descobrissem
que a população daquele não-lugar se valera da
superfície dos muros para desenhar tiras. Uma vez
concebida a realidade como um simulacro
putrefato de papel e tinta, que mais resta a fazer,
senão ler a sessão de quadrinhos?
por Raoni Assis
por Lucas Falcão
cinema-coisa
que quando não cai num domingo, cai
num sábado. Além do mais existe o
beijo, a carne de panela, o amor, a
resistência
do
meu
chuveiro
e
principalmente os pasteis de vento com
recheio. Essas coisas me desacostumam,
despreparam-me da realidade. Tão inútil
quanto decorar números de telefone! O
caso é que preciso de uma cartomante,
um jogador de pôquer, alguém que me
escreva cartas ou corte de uma vez por
todas esse papo de que estamos em
movimento. Não! O metrô de superfície
do Recife não me leva a lugar algum. Ou
me leva as profundezas, isso sim! Segue
em anexo a questão eminentemente
dispensável, que completa o enigma
quando abro a geladeira e esqueço o
que iria fazer.
por Lucas Moreno
Dezembro se aproxima e ainda estou
digerindo as passas do natal passado.
Enquanto ele não chega acredito no
sorriso sem troco do caixa eletrônico.
Leio o horóscopo dos jornais e finjo que
não foi comigo. Vivo de bicos: vaiar o
aplauso inevitável, aplaudir de pé
quando se aproxima eminentemente a
vaia, elogiar vergonhas, professores de
química sem átomo nas veias. Mergulho
na imagem de um banho vazio e jogo
canetas e tintas sobre escudos de papel.
Se for dia de sol caminho despreocupado
depois do almoço, e quando há tempo
rebobino fantasias. Sigo inutilmente
coisa. Desperdiçada como um feriado,
por Joana Liberal
por Juliana Lapa
por Marcel Calbusch
por André Valença
por Bia Lima & Fred Cajú
por Júlia MMS
por Daaniel Araujo
por Maurício Nunes (esses desenhos espalhados também são dele) ---------------------------->
por André Valença
por Celso Hartkopf
por Raul Souza
Ligue os pontos VIDA | FILME
por Neco Tabosa
“Bicha quer, bicha pode.”
Invasores extraterrestres
“Não questione autoridade”
Governo golpista
“Politica tem dessas coisas, esse tipo de pressão”
Lea T.
"Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel.”
Michel T.
“Dude...”
Levante Popular da Juventude
“Toca Maria B. pra ela, mostra que tu é intenso”
Mendonça F.
“Quem não pode com a formiga, não atiça o
formigueiro”
K. Mendonça F.
“Nas tetas do governo mamando”
Ministrx nojentx, interpretada pelo golpista
Marcelo C.
“Os bons tempos voltaram, vamos gozar novamente”
Clara, interpretada por Sonia B.
“Não pense em crise, trabalhe”
Flor do Jucá
“Eu queria mesmo que fosse todo mundo tomar no c.”
Kim Pitiguarí
“P. que pariu”
O G_____ Lebowsky
“Gente, esquece o Eduardo C., o Eduardo C. está
morto, porra"
Hilton L., no roteiro de Amarelo Manga
por Celso Hartkopf
Sérgio M., no roteiro de Cidade Baixa
“Aumento de salário já”
Sérgio M., no grampo da PF
“Tinha uma pemba, ó... deste tamanho”
por Márcio Vieira
por Nathalia Queiroz
por German Rá
por Matheus Calafange
Respostas: 1-perna da barata / 2-buraco na bandeira 1 / 3-dobra na bandeira 2 / 4-rachadura no Z / 5- fogo no lado esquerdo / 6- chama do lado direito / 7-TEMER presidente
por Marcel Calbusch
por Igor Taborg & Raul Souza
Jogo dos SETE erros
por Raul Souza
O que é isso?
Mutirão, que é quando a gente se junta pra colar lambe-lambes
(lambes-lambes?) e no meio do processo tem um povo que passa
na rua e olha assim: que é que esse bando de doido tá fazendo?,
mas aí segue adiante porque a vida continua e eu não sou artista
pra perder tempo com artistagem. Depois que terminou a gente
tira foto pra ser bonito; depois bota na internet; e depois faz
publicação impressa, se tiver dinheiro ainda.
fotos por Thiago Duarte e Celso Hartkopf
Mutirão - 1º edição [web].pdf (PDF, 14.99 MB)
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